Sou o engano
a mão vazia
o trem fora dos trilhos
Sou a trilha na mata
a alça de mira
o estampido
Sou o ar do tísico
o risco Brasil
o precipício
Sou a tinta de Volpi
o pintor de parede
a volúpia da carne
Sou a arte
a trégua do tempo
o passatempo
Sou o pó da cal
a casa em ruína
o musgo do sonho
O que não sou
não importa,
mesmo que você diga.
Sou a figa
a figura rasgada
a fissura
Sou a fresta na porta
a resta de sol
o olhar no escuro,
Sou o terço bizantino, a reza
o desespero da fé
a esperança cristã
a caridade das almas
Sou a chama que apaga
a mão que afaga
o açoite
Sou o grito contido
o sopro no ouvido
o pro e o contra
o desafio
Sou o discurso ilusório
o curso do rio
a verga latina
o assobio
Sou a margem da margem
o sumo da língua
a pedra no caminho
a pegada
Sou a espada de Ogum
o fio da navalha
o filho de Oxum
Sou mã-pai
a folha que cai
o outono.
Sou.
Sou.
Por José Galas
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